29 de nov. de 2009

Emissão de Gases Poluentes

Renato Grandelle escreve para O Globo:

Nem mesmo a crise econômica mundial fez com que as emissões de CO2
deixassem de crescer. E a China sozinha representa a maior parte desse
aumento. De 2000 a 2007, as emissões cresceram 3,6% por ano. Em 2008,
o aumento foi menor: 2%. E a China, que não quer saber de acordos
formais na cúpula do clima de Copenhague, é responsável por 75% do
aumento.
Para se ter ideia da dimensão do crescimento, nos anos 1990, as
emissões globais de carbono cresceram 1% ao ano. E, pela primeira vez,
em 40 anos, o carvão tomou o lugar do petróleo como a principal fonte
de CO2 lançado na atmosfera do planeta. Carvão é a base da matriz
energética de China e Índia, países cujas emissões dobraram desde 1990.
Os dados são do programa internacional de pesquisa Global Carbon
Project e representam a mais completa análise sobre o impacto da
economia sobre a concentração de CO2 na atmosfera nas últimas cinco
décadas. A pesquisa,da revista Nature Geoscience, causou surpresa porque, normalmente, as emissões de dióxido de carbono diminuem em anos de recessão. Nos EUA, por exemplo, foi registrada uma redução de 3%. Ainda assim, os americanos mandam para a atmosfera mais CO2 do que Índia, Rússia, Japão e Alemanha
somados.
Os EUA também são os maiores produtores de poluentes per capita: são
cerca de 20 toneladas de CO2 por pessoa a cada ano - quase quatro
vezes mais do que a China (5,8 t) e a média mundial (5,3 t).
Há um abismo entre o caminho que seguimos e aquele que deveríamos
percorrer, se quisermos que a temperatura global cresça apenas 2 graus
Celsius - alerta Corinne Le Quéré, coordenadora do estudo.

-Emissão do Brasil subiu

A previsão é de que, este ano, as emissões de CO2 caiam 3% em relação
às de 2008. A queda poderia ser ainda maior, não fosse a resistência
chinesa à crise financeira mundial. Desde o início da década, o país
dobrou as emissões de gases-estufa, graças a investimentos maciços em
usinas de carvão. As emissões da indústria do cimento (grande fonte de
CO2) chinesa cresceram.
Além da China, outros 12 países aumentaram, ano passado, suas emissões
em mais de 5 milhões de toneladas. Deles, sete são nações em
desenvolvimento: Brasil, Índia, Arábia Saudita, África do Sul,
Indonésia, Irã e México.
Apesar da redução no desmatamento observada no Brasil e na Indonésia,
houve um aumento das emissões por queima de combustíveis fósseis,
explica o brasileiro Jean Ometto, pesquisador do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), que participou do estudo.
A única forma de atenuarmos os riscos de mudanças climáticas
dramáticas é reduzirmos a quantidade de carbono emitido na atmosfera.
O CO2, porém, é presença cada vez mais frequente no ar. Cinquenta anos
atrás, 60% do gás emitido era sugado por oceanos e florestas.
Hoje, este índice é de 55%. A permanência do gás carbônico na
atmosfera impulsiona o aquecimento global. Desde 1982, as indústrias
emitiram 715 trilhões de toneladas de CO2 - quantidade maior do que
todos os gases-estufa mandados pela Humanidade à atmosfera até aquele
ano.
A definição de metas claras para reduzir as emissões é urgente -
pondera Ometto. O ponto crítico é reduzirmos a dependência nos
combustíveis fósseis.

(O Globo, 18/11)

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