29 de nov. de 2009

Aumento de migrantes pelo aquecimento

O aquecimento global aumentará o número de migrantes em todo o mundo e
exigirá de todos os países que estejam preparados para dar condições
de vida dignas a essas populações. O alerta consta do relatório
mundial do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas).
O documento também defende mais investimentos em saúde reprodutiva,
para que cada família tenha melhores condições de planejar,
livremente, o número de filhos desejados. Uma população crescendo em
ritmo menor é um dos fatores que podem contribuir para desacelerar o
aquecimento global.
Apesar de não haver estatística sobre o número de pessoas que já se
deslocam por consequências do aquecimento global, o relatório diz não
haver dúvidas de que esse é um movimento crescente.
Nas duas últimas décadas, diz o texto, os registros de desastres
naturais passaram de cerca de 200 por ano para mais de 400. Sete em
cada dez dessas tragédias foram, de alguma maneira, relacionadas com o
clima. Elas afetam por ano cerca de 211 milhões de pessoas, número que
só tende a crescer.
Segundo o relatório, o mais provável é que esses movimentos
migratórios ocorram dentro dos próprios países ou em zonas de
fronteiras.
É o que já está acontecendo, por exemplo, com populações que dependem
de geleiras tropicais em países andinos. Essas montanhas, que acumulam
gelo em seus cumes, são responsáveis pelo abastecimento de água, pela
agricultura, e geração de energia em várias cidades da Bolívia, Peru e
Equador.
O relatório cita como exemplo o ocorrido com a geleira de Chacaltaya,
na Bolívia, cujo ritmo de degradação surpreendeu os cientistas, ao
ponto de hoje praticamente não haver gelo ou neve em seu topo.
Esse fenômeno já afeta populações de pequenas cidades ao redor dos
glaciares, mas certamente não ficará restrito somente a elas, já que
grandes cidades, como La Paz, também dependem da água gerada por
glaciais tropicais.
É uma pena não podermos mais esquiar em Chacaltaya, mas o mais grave é
que dele dependiam populações que estão tendo que se adaptar a nova
realidade, diz José Gutiérrez Ossio, cientista boliviano que integra o
Projeto de Adaptação ao Impacto do Retrocesso Acelerado dos Glaciares.
Vulnerabilidade feminina: O relatório pede também mais atenção dos
governos às questões de desigualdade entre homens e mulheres, que
poderão ser agravadas pelo clima.
Por serem mais pobres, por constituírem maioria dos trabalhadores
agrícolas em vários países e por terem dificuldade de migrar em caso
de tragédias ambientais por serem mais responsáveis pelos filhos, as
mulheres, segundo o Fundo de População das Nações Unidas, são mais
vulneráveis aos impactos do aquecimento do planeta.
Outro alerta que o relatório faz é para o aumento de doenças causadas
pelo aquecimento global. Um dos exemplos citados (e que afeta o
Brasil) é o provável aumento da população vulnerável a doenças
transmitidas por mosquitos.
Como as temperaturas vão se elevar, epidemias como as de dengue
afetarão cidades que, por estarem em altitudes mais elevadas ou em
climas mais frios, antes não sofriam os efeitos dessas doenças.

Fonte: Folha Online

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